Um ser de outro mundo, um dia me sussurrou que a tinta de meu coração é bela.
Retruquei a ela que mais bela deve ser os rabiscos feitos em meus papeis, já amarelados pelo tempo.
Afirmei que bela eram as cores de seus desenhos multi coloridos espalhados em seus papeis ainda brancos, prontos para receber suas palavras embaralhadas e desenhadas.
Indaguei, para que embaralhar palavras e colocando as em uma ordem que não deve ser decifrada.
Reivindiquei a ela que desenhe sua alma em seus papeis brancos.
Implorei que nos deixe pouco a pouco ler o que não foi escrito.
Percebi que seus desenhos são incompletos, para que nos percamos em meio as palavras e não encontremos a combinação correta.
Reconheci, que as poucas cores manchadas em meus papeis, vem de seu mundo, que escorrem e respingam em meus papeis.
Lembrei que a muito tempo já tínhamos desenhado juntos, e ainda vejo estes desenhos, nos cantos de seus papeis.
Percebi que a tinta que guarda em seu coração, já foi mais colorida, pois a muito tempo guardada, na escuridão de um mundo fechado, veio a se desbotar.
Descobri que a tinta desbotada, pode se renovar, se misturada a tinta vermelha como escarlate, que escorre do alto, transformando as nossas cores desbotadas em um branco alvo como um papel em branco, trazendo de volta um novo brilho a nossas cores.
E por fim aconselhei que o tinteiro deve ser lavado todos os dias para que a tinta não se desbote mesmo depois de lavada.
Um tinteiro não se enche sozinho.
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